sexta-feira, 13 de junho de 2008

O referendo irlandês

Antes de mais: as sondagens e os seus responsáveis começam a perder toda a credibilidade. O que é paradoxal porque, havendo mais e melhor tecnologia, as sondagens deviam ser mais rigorosas. Falharam em toda a linha. Sobretudo quando ainda ontem à noite apontavam uma taxa de participação de 40% e, afinal foi de 53%. Ridículo.
Mas mais ridículo são os Tugas que por essa blogosfera fora se têm ufanado com a derrota do SIM, fazendo disso uma vitória. Pobres coitados. Hoje mesmo, estou a preparar um trabalho sobre a influência da legislação europeia no quotidiano dos cidadãos. É brutal. Só para dar um exemplo, em matéria de Contratação Pública, o legislador MATERIAL foi (é) a Europa. Directivas e decisões do Tribunal europeu afectam-nos com a mesma incidência dos Decretos do Governo ou as Leis da Assembleia.
Sucede que o Governo e a Assembleia, pudemos nós mudar. Se o legislador se portar mal, vai para a rua. É esta a essência da democracia. Ora e como podemos nós exercer "controlo democrático" sobre o legislador europeu se não houver Tratado em vigor?
Não percebem que os euroburocratas existem, precisam é de ser fiscalizados. E isso, só com Tratado aprovado. De outra forma é a "roda livre" que é alias, como eles se sentem bem. É triste perceber que quem comemora este resultado está a fazer o mesmo que os burocratas europeus. Sucede que estes, pessoalmente têm razões para isso. Os outros são apenas, papalvos. Sorry.

3 comentários:

goiaba disse...

Não fiquei contente com o resultado do referendo, ao contrário de muitos e até de todos os que ouvi hoje em vários foruns sobre o assunto. Estar com o "não" é chique e é muito de esquerda( eu ideologicamente de esquerda mas ás vezes fico um pouco mais conservadora...). Se é verdade que o comum dos mortais sabe pouco sobre o tratado e as suas consequências, quem fala contra ele e tem capacidade para o compreender ,podia ter-se informado. Um tratado ao nivel deste não pode ser redigido em termos acessíveis ao cidadão com um baixo nível de escolaridade - como é a maioria da população portuguesa e dos países do sul da Europa ( pelo menos). Se a Irlanda já foi invocada como exemplo de desenvolvimento, tem, com certeza um povo esclarecido. Se há 50% que não vota e diz que não foi bem informado ( ou não quis dar-se ao trabalho de se informar), o que seria em Portugal por exemplo?
Estou cansada de demagogias ...

Dinis disse...

Não podia estar mais de acordo. O bolonhado tem um link há meses com o texto do tratado. O mesmo sucede em centenas de fóruns. Acresce que, na Europa estamos nós, pergunta-se COMO é que queremos estar. E a isso não responde a turba que ufana com a derrota no referendo (plesbisito).
Cumprimentos
E volte sempre!

Dinis disse...

plebiscito