João Viera Pinto

Sobre isto tenho que dizer algumas coisas. Tenho mesmo. A primeira é: estou cada vez mais velho e estas notícias só servem para o confirmar. A segunda é que, mais do que ter sido um grande jogador, o João Pinto fez-me ver o futebol a partir de uma perspectiva completamente diferente. Explico: aqui há uns anos fui ver um Porto-Benfica. O meu Sporting já estava arredado do título, creio eu, e amigos comuns insistiram para que fosse às Antas com eles. O jogo não me dizia nada. Aquela não era a minha guerra, pelo que pude ver um jogo com o distanciamento que só estas posições de neutralidade conferem. E que que vi então? Um jogador a carregar uma equipa inteira, literalmente. O João atacava, defendia, rematava, vinha atrás, ia à frente, sempre com uma energia inesgotável e um passe milimétrico que invariavelmente se esgotava na incompetência dos pés ingratos que o recebiam. Falo a sério quando digo que não me lembro do resultado. Porque a partir desse dia, o João Pinto fez-me ver a luz: são os artistas que contam. O resultado é mera estatística.
Obrigado, João Viera Pinto!