O tema aborrece-me de morte. E, bem pior, tem vindo a tirar-me do sério. Que título damos a um texto que nos propomos escrever sobre um tema com estas características? Pois pensando bem, nada melhor do que o celebrado "então é assim...", uma das muletas verbais mais presente na boca de imberbes de todas as idades. E que tanto me irrita. Aí vai.
Então é assim: ao que parece Marinho e Pinto vai ganhar as eleições. Este facto, só por si, causar-me-à um desgosto de tal forma doloroso que vai ser difícil de verbalizar. Donde, o melhor é começar já, e por antecipação, a fazer o luto. É um espécie de libertação à priori. Eu sei que compreendem.
São duas as razões porque chego a esta conclusão. Talvez três. Quiçá mesmo quatro!
Primeiro, todos os dias vejo e ouço Advogados que me dizem que vão votar nele. Não surgem nas acções de campanha nem sequer nas listas de apoiantes; só uma pequena parte se dedica a enviar testemunhos espontâneos de apoio para a Advocatus, e a esmagadora maioria não se dedica a encher as caixas de comentários da blogosfera. E no entanto existem. E são muitos. E têm as quotas em dia.
Segundo, não há nenhuma sondagem conhecida. Ou melhor, nenhuma das sondagens realizadas foi tornada publica. Presumindo que os apoiantes de Fragoso Marques, homens do seu tempo, as mandaram fazer (e eu sei que mandaram porque respondi a uma) o facto de os resultados não serem revelados é sinal de que as coisas estão mal para os lados da "boa candidatura".
Terceiro (confirmação do segundo) os subliminares apelos para que o Dr. Luís Filipe Carvalho desista. E sobre isto não é preciso dizer mais nada. Pois não?
Mas mais. E vamos ao terceiro. Marinho Pinto sabe muito bem aliciar os seus potenciais eleitores que, aliás e logo à partida - já o disse-, são muitos. Basta ver esta notícia. Notável. Mais notável ainda se soubermos - e isto é outra noticia -, que a Dr.º Sandra Horta e Silva (ver lista de nomes no final do Comunicado) ainda há um mês desmentia ser apoiante de Marinho Pinto (não consigo link mas basta ver o arquivo do inverbis). Ora a Dr.ª Sandra Horta e Silva é só e apenas a face visível do projecto iuris - que muitos descamisados consideram ter sido o responsável pelo pagamento das oficiosas em atraso. O facto de Marinho e Pinto ter insultado a Dr.ª Sandra Horta e Silva e acólit@s, há cerca de um mês, não constituiu, para nenhum dos dois, problema insolúvel. Almas gémeas depressa encontram a solução.
Com esta nomeação e de uma penada, Marinho restabelece (fortalece) relações com quem tem aparecido como a mártir dos pobres (literalmente falando) advogados "das oficiosas", ao mesmo tempo que garante o apoio (voto) dos milhares de advogados que se revêem na actuação desencadeada pelo "seres pensantes" do Projecto Iuris. Ou seja, Marinho e Pinto é um notável animal de campanha. Um princípe de Maquiavel. E já não o boçal descontrolado que muitos suponham (quer dizer, é. Mas não apenas!).
Marinho não é só "letra", ele sabe bem "fazê-las".
Quarto: a advocacia (muitos dos advogados e advogadas - mais do que seria aceitável) não é, hoje, a profissão mais nobre das nobres profissões. E por uma razão simples. Nobreza é liberdade e liberdade é dinheiro. Não se é completamente livre quando se ganha 500€ ou 600€ por mês. Não é fácil, nestas condições, votar senão naquilo que parece ser o nosso interesse imediato. E para muitos - resta saber quantos -, o interesse imediato é ter um bastonário que congele admissões à ordem dos advogados. Pouco importa que seja injusto. Pouco importa que, a prazo, possa revelar-se desastroso para o interesse público (veja-se a situação dos Médicos). Que seja inconstitucional. Que contribua para perpetuar a mediocridade, a má moeda. O que é preciso é acabar com a concorrência. Ponto final. Como? Não interessa, porque "os fins justificam os meios". Lembram-se de Maquiavel que referi há pouco? Cá está. Marinho leu.
(to be continued)
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário